No dia 25 de julho celebra-se o Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha. O poema a seguir fala um pouco da trajetória dessas mulheres; mães, irmãs, primas, vizinhas, amigas, namoradas, esposas, companheiras, sempre na caminhada para a superação das dificuldades. (Ilton Cesar Martins)
NEGRA
Para Gizelda
Sou mulher
Sou Negra.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de negralma.
Fui escrava.
Como mucama limpei o caminho dos meus senhores.
Fui corpo, sangue, orifício para o prazer do outro.
Fui operária, doméstica, lavadeira...
Negrimaculei a alvazia sociedade.
Costurei o rasgo da invisibilidade.
Subi o morro:
Favela de São Jorge.
Lá no alto, fui pássaro... Cantei.
Da África para o mundo
Mostrei minha voz humilhada,
porém, no ritmo do tambor,
forte.
Fui vítima
da minha cor, do meu sexo.
Muitas portas fechadas.
Fui guerreira e acordei
No meio da noite... tiroteios
São Jorge havia liberado o dragão.
Cuspes de fogo tentaram queimar meus sonhos.
Resisti...
Sou mulher
Sou Negra
Sou pobre
Sou história.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de
negralma.
Sou mulher
Sou Negra.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de negralma.
Fui escrava.
Como mucama limpei o caminho dos meus senhores.
Fui corpo, sangue, orifício para o prazer do outro.
Fui operária, doméstica, lavadeira...
Negrimaculei a alvazia sociedade.
Costurei o rasgo da invisibilidade.
Subi o morro:
Favela de São Jorge.
Lá no alto, fui pássaro... Cantei.
Da África para o mundo
Mostrei minha voz humilhada,
porém, no ritmo do tambor,
forte.
Fui vítima
da minha cor, do meu sexo.
Muitas portas fechadas.
Fui guerreira e acordei
No meio da noite... tiroteios
São Jorge havia liberado o dragão.
Cuspes de fogo tentaram queimar meus sonhos.
Resisti...
Sou mulher
Sou Negra
Sou pobre
Sou história.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de
negralma.
Serafina Machado (in Cadernos Negros 29)